Diretoria aparelha sindicato

Respeitar os limites das relações entre o partido e o sindicato é um dos principais desafios de trabalhadores de todo o mundo, na luta contra o aparelhamento dos sindicatos. E no combate a essa prática que submete os interesses de diferentes categorias aos dos partidos, a Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas tem sua atuação pautada por três princípios fundamentais: independência, autonomia e consciência de classe.

Não estamos falando aqui de uma prática sindical antipartidária tão ao gosto dos patrões. Não se trata disso! Trata-se de principalizar as reivindicações dos trabalhadores, fortalecendo politicamente a consciência da categoria a partir de suas lutas concretas imediatas.

E é justamente por ter submetido a prática sindical a interesses eleitoreiros, que consideramos inadmissível a fala do presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), Kerison Lopes (PCdoB), durante o comício de apoio à presidente reeleita, Dilma Roussef, realizado no dia 18 de outubro, no Santa Tereza, dando a entender que toda a categoria apoiava a candidatura da sua coligação.

Não se trata aqui de defender uma candidatura ou outra, muito menos de querer cercear a militância de ninguém. Entretanto, é necessário preservar as diferenças entre a política partidária e sindical. O mínimo que deveria ter sido feito era um amplo debate e consulta à categoria, que nem de longe afastaria as intenções eleitoreiras e aparelhistas de qualquer uma das candidaturas.

Diante do ocorrido no Santa Tereza é preciso nos perguntarmos: Quantos discursos calorosos o presidente do SJPMG fez em defesa do aumento real? Nenhum! Quais as medidas efetivas para preservar a segurança dos repórteres que cobriram as manifestações da Copa do Mundo de 2014? Nenhuma!

A postura do SJPMG durante o mundial é mais um exemplo clássico de aparelhamento sindical. Sem a menor cerimônia, a diretoria fez do nosso sindicato correia de transmissão da política do governo federal, promovendo Fan Fests na Casa do Jornalista, tendo também como parceiros os governos municipal e estadual, como se nada estivesse acontecendo ou acontecido nas ruas do país.

Mesmo com apelo menor nos atos de 2014 em comparação a 2013, é inegável a importância das chamadas “Jornadas de Junho” como fenômeno de massas mais representativo na última década no Brasil. Mais uma vez os Jornalistas de Minas tiveram sua condição de sujeito da história relegada à condição de mero espectador dos fatos, sem sequer ter reivindicações como a segurança dos repórteres atendidas.

Temos de dar um basta ao aparelhamento sindical. Um sindicato forte e representativo só é possível com autonomia e independência frente aos partidos, governos e patrões. Um sindicato forte só se constrói a partir da valorização da sua própria categoria, que na luta diária por melhores condições de vida ocupará seu lugar na história e na política geral do país.

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