Conferência da Comunicação: o mito

É com entusiasmo que os chamados movimentos sociais, rádios comunitárias, movimento estudantil e até sindicatos, dentre eles o dos jornalistas, anunciam aos quatro ventos a 1ª Conferência Nacional de Comunicação que deve ser realizada ainda este ano. E sem uma reflexão mais profunda, eles empunham a tal bandeira da democratização da comunicação.

Antes de tudo, é necessário desmistificar a palavra de ordem da democratização. Ora, todos sabemos, que na democratização da comunicação está implícito o direito dos proprietários dos grandes veículos de comunicação manterem seu monopólio sobre os meios de produção de informação, ou seja, de valores, de bens simbólicos.

E assim, garantir a reprodutibilidade ideológica do sistema capitalista de exploração dos trabalhadores, dos quais, os jornalistas são aqueles que sofrem diariamente com essa exploração.

É por isso que propomos e defendemos como bandeira de nossa categoria e daquelas comprometidas com a transformação da realidade, a socialização dos meios de comunicação, ou seja, a concessão de rádios e TV´s para sindicatos e centrais sindicais que, através da propaganda das lutas dos trabalhadores poderão fortalecer o proletariado no embate contra a burguesia.

É por essas razões, que a conferência do governo Lula, capitaneada pelo ministro das comunicações Hélio Costa – um velho conhecido de nós mineiros -, não passa de um engodo.

Na conferência, participarão principalmente sindicatos, movimentos e organizações ligadas direta ou indiretamente ao governo federal. Por isso, a hegemonia das discussões e propostas será dada pelo governo Lula.

Desta forma, a participação nesse processo é legitimar toda a política do governo Lula que hoje faz ouvido de mercador às demissões em massa de trabalhadores por todo o país, e mais do que isso, privilegia banqueiros, industriais, ruralistas e promove políticas assistencialistas como forma de iludir a classe trabalhadora.

Investir nossa energia de mobilização nessa causa perdida, como tem feito a direção do nosso sindicato, é deixar de priorizar os interesses e as lutas concretas da nossa categoria, pois essa tal conferência não propõe discussões de interesses imediatos da classe trabalhadora. E mesmo se os interesses dos trabalhadores fossem discutidos, esse debate não deveria ser feito com participação e, principalmente, sob a hegemonia do Estado.

É fundamental que a classe trabalhadora tenha independência e autonomia na sua forma de organização. Caso contrário, estaríamos usando o modelo sindical de Mussolini defendido na Carta del Lavoro.

Temos que nos organizar para defender o interesse de nossa categoria e fazer da comunicação um instrumento de luta dos trabalhadores, independente do Estado burguês.

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