Campanha Salarial 2009: Estabilidade Já! Crise, campanha salarial e a malandragem dos patrões

Assembleia aprovou proposta
de estabilidade por unanimidade


A campanha salarial dos jornalistas profissionais de Minas Gerais assume características e possibilidades inéditas para nossa categoria – e para os trabalhadores brasileiros em geral – nos últimos trinta anos. Isso pode ser dito sem qualquer risco de exagero dado o fato, hoje já indiscutível, de que o sistema capita-lista ingressa, em nível mundial, em sua mais grave crise destes mesmos últimos trinta anos. Até mesmo o governo Lula, um dos mais mentirosos dos tantos quantos oprimiram o trabalhador brasileiro a serviço dos patrões-capitalistas, já admite que a crise do capital é profunda e que aquela história de que no Brasil a crise não passaria de uma ‘marolinha’ foi mesmo mais uma mentira.

As estatísticas sobre desemprego no Brasil não são confiáveis, sendo esta mais uma das heranças da ditadura carinhosamente preservada pelo governo Lula, que, entre outras coisas, faz questão de exibir entre seus ministros e conselheiros membros destacados dos governos da ditadura militar 1964-85. De fato, por uma macabra metodologia adotada pelo Ministério do Trabalho, apenas são consi- derados desempregados aqueles que procuraram emprego em período recente. Por tal método, vê-se, não são computados aqueles que sequer dispõem mais de dinheiro para a condução e para o lanche para procurar emprego e, também, aqueles jovens traba- lhadores que estão chegando ao mercado de trabalho.

De todo modo, pelas estatísticas oficiais e oficiosas (Dieese, por exemplo), de novembro do ano passado até março deste ano cerca de 797.000 trabalhadores brasileiros perderam seus postos de trabalho. A causa? A crise capitalista mundial, o Brasil incluído. De trabalhadores na indústria do calçado a bancários, de metalúrgicos a tecelões, de comerciários a químicos, de professores a jornalistas – a crise geral do capital não faz escolhas. O caso recente de maior repercussão ocorreu na antes todo-poderosa Embraer, de São José dos Campos, que mandou embora 4.200 de seus trabalhadores.

O trabalhador perde o emprego, o salário que sustenta sua família. O patrão-burguês-capitalista não quer perder nada. Esta é a inelutável constatação da história das crises e das lutas de classes em geral. É preciso, portanto que nós, os trabalhadores jornalistas, estejamos atentos para algumas das malandragens que certamente serão postas em prática pelos nossos patrões nesta campanha salarial que se abre.

1ª Malandragem: “Não vamos dar aumento para poder preservar o emprego”. Mentira: a solução é a redução da jornada de trabalho sem redução de salário – uma conquista dos trabalhadores em vários países. Estabilidade Já!

2ª Malandragem: Os patrões vão querer jogar suas perdas em nossas costas, com a velha mentira de que não têm como aceitar a estabilidade e aumentar nosso salário em razão de quedas de vendas e anúncios. Nossa resposta: este é um problema da contabilidade dos patrões, eles que lancem mão de suas reservas pessoais, investimentos em obras de arte, imóveis, de seus iates, de suas férias no Caribe e na Disney. Nós não temos nada com isso.

3ª Malandragem: A conversa fiada de que nós os trabalhadores temos que fazer sacrifícios “pelo bem da pátria”. Ora, sempre que os patrões invocam as palavras pátria e país, o fazem no sentido de tentar nos fazer cair na armadilha de que seríamos – patrões e trabalhadores – todos irmãos, empenhados nos mesmo ideais. Mentira: patrão é inimigo de trabalhador, e trabalhdor é inimigo de patrão. Este uso patronal das idéias de país e de pátria não passa de uma histórica empu-lhação, hoje alardeada no Brasil pelos Galvões Bueno da vida a serviço dos exploradores.

4ªMalandragem: “Precisamos dialogar”. Mentira, não se dialoga com inimigo. Não nos recusamos a ir à mesa de negociação, mas com a arma da greve na mão.

Estabilidade Já – Pela redução da jornada de trabalho sem a redução de salários. Uma conquista dos trabalhadores já obtida em vários países.

Unificação da Campanha Salarial – Nossas assembléias devem ser feitas juntas, no sindicato, sem divisão por área do jornalismo, para juntos fortalecer nossa categoria.

Unificação do Piso (R$ 1.800,00) – Somos todos jornalistas, independente de trabalharmos em assessorias, impresso, TV’s, rádios, capital ou interior. Por isso devemos ter um piso único.

Aumento real – Durante anos, as empresas acumulam lucros com nosso trabalho. Temos de obter o ganho real sobre nossa produção.

Fim do Banco de Horas – O banco de horas representa a superexploração do trabalhador. As horas extras têm de ser renumeradas em100%.

Fim do acumulo de funções – Aceitar o acúmulo de funções é legitimar a superexploração dos trabalhadores e reduzir os postos de trabalho. Com o ganho real significativo não precisamos barganhar compensação salarial sobre o aumento do trabalho.

Contra o assédio moral – Assédio moral é uma prática criminosa que causa danos à saúde do trabalhador, por isso as empresas também devem ser responsabilizadas.

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