Sindicato adota academicismo em detrimento da luta sindical


Existe uma poesia de Brecht que ensina a desconfiar do singelo e da simples aparência e não tomar como aceitável aquilo que se tornou cotidiano, por vivermos em tempos obscuros. Tempos estes em que um sindicato abre mão de sua função primordial e deixa de representar os interesses de seus trabalhadores e passa a ser a uma agência de “cursos importantes para o aperfeiçoamento profissional”.

O Sindicato deve ser um espaço de luta, de representatividade política de classe, de confraternização entre iguais. Não podemos aceitar sua transformação em um prestador de serviços, idéia tão em voga nestes tempos neoliberais. Sindicalizados não são clientes, é nosso dever negar essa relação mercadológica putrefata. Nossa entidade de classe não pode ser uma continuação das relações do capital e sim o lugar de uma vivência diferenciada, solidária, humana.

Não por acaso o programa “Qualificar”, que envolve palestras, cursos, congressos e “eventos”, são patrocinadas pelo grande silenciador da imprensa mineira, o governo do Estado. É este o tratamento que devemos dar ao nosso inimigo, nosso censor e algoz? Dar-lhe a cabeceira da mesa, fazer-lhe de patrono, condecorá-lo como parceiro?

Isso é trocar a autonomia dos trabalhadores por migalhas em cursos como o de tratamento de fotografia, que vai acontecer ano que em parceria com o SENAC, que tem o valor mais que simbólico de R$150,00. E é claro, somente para sindicalizados em dia.

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