E a campanha salarial 2009?
Com o fim da negociação salarial de 2009 para os jornalistas de impresso, podemos dizer que a campanha salarial deste ano está praticamente chegando ao fim com mais um desfecho negativo para a categoria, mesmo que o acordo para os companheiros de assessorias ainda tenha de ser fechado. Pois é muito pouco provável que com a prática sindical estabelecida pela diretoria do Sindicato dos Jornalistas, os assessores terão algum ganho acima dos míseros 5,92% de reajuste do INPC, correspondente às perdas salariais do período, com o pagamento dos valores retroativos.
Se isso acontecer, seremos os primeiros a saudar os companheiros. Entretanto, cabe a nós e a toda categoria nos perguntarmos o que aconteceu. Por que não conseguimos o aumento real? Por que o reajuste se limitou ao INPC? Por que não passamos a receber ou tivemos aumento no vale refeição? Por que não acabamos com o banco de horas? Por que não conseguimos unificar o piso? Por que não conseguimos um plano de carreira?
E ninguém pode acusar a categoria de não ter tentado, pois nas redações ou nas poucas assembleias realizadas na sede do sindicato, os companheiros resistiram e recusaram a contraproposta da patronal por inúmeras vezes, demonstrando sua insatisfação. E dispostos a avançar, os companheiros de Rádio e TV aprovaram na assembleia realizada na sede do sindiciato no dia 20 maio, a criação da Comissão de Mobilização da Campanha Salarial, proposta pela Oposição Sindical dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais.
E mesmo com a categoria mostrando sua disposição para a luta, a diretoria do Sindicato dos Jornalistas optou mais uma vez pelo institucionalismo do “sindicato-cidadão” e não convocou e nem realizou sequer uma reunião da Comissão de Mobilização, aprovada e constituída em assembleia, com o objetivo de dinamizar a campanha salarial e unificar os jornalistas em torno de seus interesses imediatos e objetivos concretos.
O que vimos foram reuniões realizadas nas redações dos veículos impressos, onde, naturalmente, sob os olhos dos patrões os companheiros podem se sentirem inibidos a contestar os argumentos patronais de forma mais contundente, apontando para uma defesa mais aguda dos nossos interesses. Com respeito aos companheiros das redações dos impressos, essa possibilidade nos parece óbvia, pois uma co existência pacífica entre patrões e trabalhadores só é possível na lógica do imobilismo.
Vale ainda lembrar que com as reuniões realizadas nos locais de trabalho, e em assembleias divididas por áreas de trabalho, nós jornalistas perdemos a oportunidade de intensificar o contato com outros companheiros, e juntos, problematizarmos a realidade da categoria e forjarmos caminhos e instrumentos de luta pela valorização e dignidade profissional. ESTA PRÁTICA POLÍTICA, DE ASSEMBLEIAS POR SEÇÕES, DIVIDE A CATEGORIA E ENFRAQUECE OS JORNALISTAS NA LUTA PELA DEFESA DOS SEUS INTERESSES.
E é justamente na luta pela dignidade e valorização do trabalhador jornalistas, que a Oposição Sindical propõe que a mobilização em torno da campanha salarial comece em janeiro, para que unidos os jornalistas de todo o Estado acumulem força até abril (data base da categoria), para no(s) próximo(s) ano(s) conquistemos a unificação do piso, o fim do banco de horas, aumento real, reajuste acima da inflação, plano de carreira, vale refeição – enfim –, a valorização da nossa profissão.