Carta da Oposição Sindical aos companheiros jornalistas de Uberlândia
Uberlândia e a necessária unidade dos jornalistas mineiros
A decisão da diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais-SJPMG de fechar a subsede do sindicato em Uberlândia é irrefutavelmente equivocada, compreendida apenas no âmbito da imobilidade e da apatia que há tempos vem dominando nosso sindicato. Não fosse Uberlândia uma das maiores, senão a maior, cidade do interior do estado, mesmo que se tratasse de uma cidade de porte médio, tal atitude é absolutamente inadmissível em uma direção sindical minimamente consciente de que a força de uma categoria de trabalhadores – qualquer categoria de trabalhadores, em qualquer tempo, em qualquer lugar – tem na unidade o eixo central de potencialização de sua força para lutar contra os patrões e seus agentes.
Com o fechamento da subsede, a diretoria faz uma enlouquecida opção pela desunião, pelo fracionamento. Os tempos atuais exigem esforços na linha da ampliação do número de cidades do interior com subsedes sindicais. A diretoria do SJPMG escolhe a estratégia do fechamento de subsedes. Entenda quem puder. As alegações de que os 200 reais do aluguel estavam pesando no orçamento geral e que a subsede teria que ser autossustentável não merecem discussão – por ridículas, infantis. Próprias de quem não tem idéia sequer aproximada do que deve ser um sindicalismo de combate, verdadeira e unicamente voltado para os interesses reais e concretos do trabalhador jornalista. Próprias de quem defende e pratica um sindicalismo corporativo, centrado na figura do jornalista-profissional-liberal já, há muito, inexistente. Insistir nisso é retroceder, é ser retrógado, é ser acomodado. Hoje, somos trabalhadores. Precisamos de um sindicato de trabalhadores.
Os tempos atuais, de que falamos acima, são tempos em que o patronato intensifica a opressão e a exploração sobre os trabalhadores no Brasil e no mundo, sobre todas as categorias profissionais de trabalhadores. São tempos em que, por isso mesmo e mais que nunca, se faz necessário um sindicalismo decidido a trabalhar duramente contra este tsunami patronal. Desgraçadamente, o que prevalece no Brasil é um sindicalismo burocratizado, acadêmico, como o praticado pela atual diretoria do SJPMG, cuja decisão de fechar a subsede de Uberlândia expõe à exaustão, à luz do sol do meio-dia, sua incapacidade frente tal desafio. Desgraçadamente, entre o avançar na linha da construção de um sindicato forte e enraizado em todo o estado, a diretoria opta pela linha do recuo acomodado. Da rendição ante as dificuldades – que sabemos sérias, mas não intransponíveis. Graves, nunca insuperáveis. Se não enfrentamos os desafios, os liquidacionistas sempre surgirão para capitalizar nossa omissão.
E é o que acontece hoje em Uberlândia, com a proposta veiculada pelo jornalista Alaor Barbosa Jr. de criar um sindicato próprio na cidade e região desvinculado do sindicato estadual. Ora, o que concretamente propõe o senhor Barbosa Jr. é fracionar o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, o que inapelavelmente resultaria no enfraquecimento estrutural, irrecuperável, do instrumento de luta dos trabalhadores jornalistas do estado. Este seria o resultado concreto de tal visão provinciana, isolacionista. Enfim, tudo que o patronato e seus agentes – governos, inclusive – querem: dividir para explorar, oprimir, dominar. Não é este o caminho que interessa aos jornalistas mineiros. Nossa vitória depende de nossa união. Temos que resgatar, material e moralmente, a profissão de jornalista em nosso estado e no país. Nossa profissão está ameaçada, ameaça mais que exemplificada e explicitada na derrubada pelo STF da exigência do diploma para o exercício da profissão. O patronato aperta o cerco, e nós... nos desunimos? Não. A hora, mais que nunca, é de união, de arregimentação e de unificação de forças.
Neste sentido, a Oposição Sindical no Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais vem contestar frontalmente a proposta secessionista da criação de um sindicato isolado em Uberlândia e região. Assim como, também firme e solenemente, comprometer-se aqui a prestar todo o apoio e solidariedade ativa à reabertura da subsede sindical na cidade. Que se entenda: uma subsede que, capitaneada por companheiros efetivamente comprometidos com as lutas, interesses e reivindicações dos jornalistas de sua cidade e de seu estado, mantenha estreita e cotidiana ação articulada e conjunta com seu sindicato central no estado. Um sindicato central que, por suposto, precisa existir enquanto um verdadeiro sindicato de trabalhadores.
Belo Horizonte, outubro de 2009.