Em busca do tempo perdido
Os jornalistas profissionais de Minas tem diante de si um desafio histórico na eleição para a escolha da nova diretoria da nossa entidade a se realizar nos dias 10, 11 e 12 de maio próximo. O desafio da opção por uma mudança qualitativa dos métodos e práticas que tem prevalecido em nosso sindicato há mais de uma década. Métodos e práticas que, na realidade, afastaram gradual e gravemente o SJPMG de suas tradições de vigor e luta em defesa de nossos interesses e dos princípíos gerais que norteiam o exercício digno de nossa profissão. É preciso resgatar o espírito de luta e a disposição real de servir à categoria que se perderam nos últimos tempos.
Solenemente comprometida com este resgate, a Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas (OSJM) organizou uma chapa à eleição de maio. Não se pode falar em servir à categoria, em luta, em disposição, sem tomar os parâmetros independência, consciência e autonomia como sustentação da ação sindical. São estes os parâmetros que nos levaram, há mais de três anos, a criar a OSJM, que desde então tem dado testemunho prático e concreto de sua fidelidade a tais princípios, sendo esta, inclusive, a principal razão do crescimento de nossa representatividade junto aos jornalistas mineiros da capital e do interior. É com estas referências que submetemos nosso programa e nossos nomes à análise e julgamento dos colegas do nosso estado.
NOSSOS INTERESSES
Nesses tempos perdidos o que se perdeu de vista foi, em síntese, a própria razão de ser de um sindicato: a luta cotidiana – tão aguda quanto séria, tão firme quanto responsável – pelos interesses concretos da categoria, o que acabou resultando, entre outros males, em graves perdas salariais com o nosso piso reduzido aos níveis mais baixos entre todos do país. Na realidade, as últimas gestões não tiveram tempo de tratar dos interesses próprios e específicos da categoria, já que sempre estiveram envolvidas – mesmo da maneira descuidada e burocrática – com alegados “interesses do país”. De fato, o que se viu foi o sindicato fazendo grotescamente o papel de um partido político. É da necessidade, pois, de o nosso sindicato voltar a ser um verdadeiro sindicato que estamos falando.
Longe de nós – muito longe de nós da OSJM – a absurda idéia de um sindicato alienado frente às questões de interesse nacional. Igualmente grave, absolutamente inaceitável e grotescamente paradoxal seria a defesa da prática de um jornalismo descompromissado diante dos destinos do país. Mas é, contudo, na identificação do lugar e papel específico das diferentes instituições no interior do tecido social que podemos estabelecer a ação prioritária de cada uma delas. Precisamos ter preliminarmente claro que: o sindicato é uma instituição voltada prioritariamente para a defesa de sua categoria enquanto uma categoria de trabalhadores. Fora disso, um sindicato não tem razão de existência, ou, então, assume uma existência caricata de um desbotado partido político – como no caso da imensa maioria dos sindicatos brasileiros na atualidade, maioria onde se encontra hoje o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. É preciso mudar isso.
DIGNIDADE PROFISSIONAL
Falar em prioridade na nossa categoria, inclusive em nível nacional, é falar na inadiável necessidade de uma luta cotidiana pela reconquista de níveis salariais minimamente compatíveis com o exercício digno da profissão. Falar em prioridade é conferir centralidade, concretizada em ações diárias, à guerra a ser travada contra o assédio moral. É exigir respeito ao jornalista mineiro e brasileiro. É o combate permanente por condições de trabalho que nos garanta a estabilidade necessária ao cumprimento do exercício tão livre quanto responsável da nossa missão de fornecer informações que subsidiem a formação de uma consciência crítica nacional.
Trata-se de lutas duras, sabemos. De um combate a ser desenvolvido em diferentes frentes. Mas estamos firmemente convencidos de que nossa categoria se fará presente nesta luta a partir do momento exato em que perceber a existência de um sindicato realmente a seu serviço, sem outros senhores que não a própria categoria. Um sindicato independente de partidos políticos, um sindicato autônomo frente a partidos políticos, um sindicato que tenha a consciência de que representa trabalhadores e que existe para lutar pelos trabalhadores e com os trabalhadores. Um sindicato renovado de pessoas e idéias. Um sindicato que saiba reconhecer o tempo em que vive. Um sindicato que não se deixe envolver em compadrios. Um sindicato de trabalhadores jornalistas.