Tema do congresso da Fenaj expressa distanciamento da categoria

Com a pauta voltada para o meio ambiente e as mídias sociais, o 35º Congresso Nacional dos Jornalistas, que será realizado este ano, no Acre, pode marcar definitivamente o afastamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) da categoria. E, infelizmente, ao propor o tema “Informação Pública e Sustentabilidade” para o 12º Congresso Estadual dos Jornalistas de Minas Gerais, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) segue a mesma trilha que conduz os sindicatos para longe dos interesses reais e concretos dos trabalhadores.

Mesmo reconhecendo a importância das questões sobre o meio ambiente e atualidade mercadológica das mídias sociais, nos sindicatos, temos de assumir prioritariamente as bandeiras das categorias. Ou não são muitas e importantes as reivindicações dos jornalistas? Só para citar algumas: retomada da exigência do diploma para o exercício da profissão; luta contra o acúmulo de funções; pagamento dos direitos autorais; fim do banco de horas; retomada da aposentadoria especial para os jornalistas; aumento real e unificação do piso; entre muitas outras.

Virar as costas para essas bandeiras ou torná-las secundárias, significa aprofundar o fosso da crise de representatividade pela qual passa o sindicalismo brasileiro, e na qual se inserem o SJPMG e a Fenaj. É evidente que a Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas (OSJM) não defende um sindicalismo indiferente aos interesses de toda a classe trabalhadora, mas parte da constatação de que tentar mobilizar os trabalhadores a partir de bandeiras estranhas à sua realidade e necessidades, tem como consequência o esvaziamento dos sindicatos.

E antes que o burocrata de plantão se arvore em dizer que para os jornalistas mineiros participarem do congresso nacional é preciso debater o mesmo tema no congresso estadual, vale lembrar que a Fenaj é uma federação, e enquanto tal, os sindicatos filiados têm autonomia para definir sua política e agenda de lutas. Caso contrário, não teríamos uma federação, teríamos um partido. E como sabemos, partido e sindicato, são instâncias distintas da luta política e devem, por isso mesmo, constituir práticas e estruturas diferentes.

E é pela retomada de um sindicalismo autônomo, independente e consciente, capaz de resgatar a identidade entre o sindicato e a categoria, que a OSJM propõe que no Congresso Estadual dos Jornalistas de Minas Gerais sejam realizadas discussões sobre a crise financeira no mundo e no Brasil, as perspectivas do sindicalismo brasileiro frente a crise, o lugar do SJPMG na atual conjuntura, seus desafios e reorganização. Os ventos são de mudanças, é hora de reagirmos para não sermos esmagados pela roda da história.

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