Assédio moral não é piada, é crime

Há pelo menos uma década, a luta contra o assédio moral (humilhação intencional e sistemática do trabalhador no exercício de suas funções) tornou-se uma das principais e mais importantes bandeiras do movimento sindical em nome da valorização e dignidade profissional.

A política neoliberal de precarização das relações de trabalho, incluída a ameaça permanente do desemprego, é o terreno no qual se desenvolve e avançam as agressões morais contra os trabalhadores, sempre marcadas pela inferiorização, ridicularização, difamação, ironia, menosprezo, exposição a situações vexatórias, delegação de tarefas sem sentido ou irrealizáveis, rir daqueles que apresentam dificuldades e fazer piadas jocosas.

As consequências dessas e outros tipos de agressões para a saúde física e psicológica dos trabalhadores são crises de choro, dores generalizadas, palpitações, tremores, insônia, depressão, dor de cabeça, aumento da pressão arterial, diminuição da libido e alcoolismo, que no limite levam à destruição da vida profissional e pessoal das vítimas do assédio.

Como formas de opressão, a perseguição, discriminação e humilhação constituem crimes contra a dignidade humana. E como crime, o assédio moral deve ser combatido de forma firme e intransigente, sem dar margem para que o patronato arrole esse grave problema para o dialogismo da convivência pacífica que dilui e enfraquece a política e representatividade sindical no país ao longo dos anos.

Desconfiai do mais trivial na aparência singelo, recomenda o poeta. E assim, na luta pela nossa dignidade, não podemos reagir a agressões com risos, como na campanha promovida pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJMPG) contra o assédio moral, quando uma trupe de palhaços passou pelas redações de Belo Horizonte tratando do tema com humor, mesmo que bem intencionada, reconhecemos.

Nesse caso, como é sabido, o riso é motivado pela paródia da realidade da qual não há motivos para se rir. Torna banal uma brutalidade contra os trabalhadores, esvaziando a luta contra o assédio moral de seu conteúdo crítico, ocultando a necessidade do combate contra as humilhações às quais as vítimas do assédio estão submetidas. E pior, reificando uma ideia de naturalidade nas já aviltadas relações trabalhistas.

A construção de uma relação de igualdade e fraternidade passa pelo pressuposto da verdade, confrontada com a realidade que nos cerca, para que possamos fazer frente às nossas necessidades. E para nós da Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas esse caminho só será trilhado com o combate firme e intransigente a todo e qualquer tipo de desrespeito aos trabalhadores da notícia, que deve ser feito com a presença sistemática do SJPMG nas redações e assessorias, não só para orientar, mas principalmente para identificar os possíveis casos de assédio moral, buscando com essa postura preservar a integridade e dignidade dos jornalistas de Minas.

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