Dia do repórter: comemorar e lutar

A Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas (OSJM) saúda com entusiasmo todos os jornalistas mineiros pelo “Dia do Repórter”. Como sabemos e todos repetimos com justa razão está na reportagem a alma do jornalismo, sem nenhum demérito para as demais funções de nosso ofício. Que de início sejam lembrados todos os companheiros que tombaram em busca da informação, matéria-prima de nosso conhecimento vivo, da nossa ilustração, do enriquecimento de nossa humanidade. Que sejam homenageados todos aqueles trabalhadores da notícia, renomados ou anônimos, que partem diariamente à procura do fato jornalístico e de seu significado para nos alimentar o espírito.

Na dimensão oposta a esta relevância de nossa profissão na construção do saber social crítico absolutamente indispensável à configuração de uma sociedade livre e libertária, vivemos hoje em nosso país uma situação em que a nós jornalistas não cabe condição outra que a de humilhados, ofendidos: salários aviltantes, banalização do exercício profissional com a derrubada da exigência do diploma pela ação sorrateira do patronato, repetição continuada e sistemática do assédio moral, instabilidade no emprego, absoluta ausência de liberdade e mais alguns etcéteras de igual natureza.

No âmbito de nossas entidades de classe, o quadro geral – com honrosas exceções – é o da prática de um sindicalismo que desgraçadamente se esqueceu de seu dever estruturante, de seu objetivo fundante e primeiro: a defesa dos interesses específicos da categoria. Perderam-se nos últimos anos os nossos sindicatos nos pantanosos caminhos do servilismo estatal e partidário, eleitoreiro, e na areia movediça da conciliação com um patronato progressivamente ávido de mais e maiores lucros, mesmo que tudo isso tenha nos custado, como efetivamente custou, nada menos que os fundamentos materiais do exercício da profissão de forma digna.

Mas se enganam os que pensam que nós, os verdadeiros jornalistas, tenhamos dado por perdida a guerra por um jornalismo vivo, livre e vibrante em nosso país. Que tenhamos esquecido em algum lugar do passado nossa ética, nossos sonhos, nosso dever. Que tenhamos perdido de vista a necessidade da luta pela reconquista da dignidade da nossa profissão. Exemplo disso é o próprio surgimento e fortalecimento da Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas. Temos modéstia suficiente para sabermos tratar-se somente de um primeiro passo em uma longa jornada em busca dos meios necessários ao cumprimento da nossa missão. Mas temos igualmente a confiança de havermos dado este primeiro passo. Prossigamos.

Um fraternal e emocionado abraço da OSJM em todos os jornalistas de nossa terra – da capital e do interior – neste nosso “Dia do Repórter”. Venceremos.

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