Demissão em massa atinge a Veja BH

Uma nova leva de demissões atingiu hoje a capital mineira, os companheiros da revista Veja BH foram informados que a publicação será encerrada, com isso sete jornalistas, três fotógrafos e dois estagiários perderam seus empregos, além de outros trabalhadores de outras áreas. Os cortes também atingiram a redação da Veja Brasília. Durante toda essa semana os jornalistas da publicação estiveram apreensivos com a falta de informações claras sobre se continuariam ou não no trabalho. Na semana passada cortes no Estado de São Paulo e Folha também atingiram trabalhadores da notícia que atuavam em Minas Gerais. Assim como houve demissões na Revista Encontro, do grupo Diários Associados.

Lamentavelmente vemos estas demissões em massa ocorrer, como de hábito, sem uma atuação concreta dos sindicatos. Assim as empresas se vêem livres para descartar os trabalhadores sem maiores problemas, os jornalistas são apenas empecilhos para atingir metas de rendimento. O sindicato sequer se mobilizou para buscar dar qualquer tipo de suporte aos demitidos.

Nós jornalistas temos que estar atentos para o que é de fato esta crise nos veículos de comunicação, que é apenas um dos efeitos do quadro econômico instalada no país e no mundo. A crise econômica é usados pelas empresas para buscar um aumento em suas taxas de lucro, lucro este que só é possível com uma maior exploração dos trabalhadores. As demissões de jornalistas se dão na mesma conjuntura da desregulamentação das leis trabalhistas implementadas pelo estado e buscam o mesmo resultado: mais dinheiro para os patrões.

Nos últimos 20 anos os proprietários dos meios de comunicação obtiveram taxas de lucro muito acima dos nossos ganhos salariais e pretendem manter estes números. Para isso demitem, empurram uma carga de trabalho muito maior para um menor número de jornalistas, demitem os que possuem um salário levemente acima dos demais, reduzem os cargos de chefia, descartam a qualidade na apuração e no fazer jornalístico e buscam tantas outras estratégias para ganhar ainda mais.

Por isso não podemos de forma alguma atuar sem considerar quais são os interesses das empresas, o lucro, e quais os dos trabalhadores, viver com dignidade. Se nos embrenharmos por este caminho acabaremos por aceitar que as demissões são algo natural, contra a qual nada podemos fazer.

Podemos e devemos enfrentar esta realidade, temos que nos organizar enquanto trabalhadores para resistir aos ataques dos patrões. Para isso serve um sindicato, para organizar a luta de uma categoria.

Se desconhecemos isso acabamos por repetir o que o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais fez recentemente, quando publicou, em janeiro deste ano, uma matéria do Portal Brasil 247 que comemorava a redução do espaço ocupado pela Editora Abril em São Paulo. Os donos da Abril não estão perdendo suas fortunas, mas os jornalistas estão perdendo seus empregos e não há nada para ser comemorado nisso.

Um sindicato que não sabe seu papel acaba por permitir que as demissões em massa sigam impunemente.

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