Campanha salarial 2015: Sindicato se organiza para desmobilizar a categoria

Nesta quinta-feira (19/2), o Sindicato dos Jornalistas começou a distribuição do jornal "Pauta Extra", seu material de campanha salarial. O que se vê nas páginas impressas pelo sindicato é lamentável.

Já na capa, a edição traz uma fotografia da votação da campanha salarial de 2014 no Estado de Minas, um triste episódio já que esta votação foi feita sobre a ameaça de demissões, como a que semanas antes atingiu um membro da Oposição Sindical que se posicionou contra a proposta patronal.  Não bastasse isso, durante esta assembleia, o sindicato se colocou favorável a que os jornalistas aceitassem a proposta patronal de 7% de aumento. Para justificar esta postura o sindicato reproduziu o discurso dos proprietários do veículo sobre a crise que atinge a empresa. Esqueceram de dizer que a crise atinge sempre os trabalhadores, nunca os proprietários, já que esses se aproveitam da situação para demitir os mais experientes e com salários diferenciados para enxugar a contabilidade e manterem seus ganhos. 

Na página dois, comemoram o resultado obtido na negociação em Minas e para reforçar seus argumentos mostram uma tabela em que os jornalistas mineiros tiveram o maior reajuste apresentado.  Isso é, para dizer o mínimo, ridicularizar nossa categoria. Parecem esquecer  que somos jornalistas e sabemos que uma notícia que usa dados verdadeiros para omitir uma realidade nada mais é que uma mentira. O fato é que temos um dos piores pisos salariais do país, menor que o pago em Alagoas, Ceará, Pará, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro  e é contra isso que devemos nos articular. Comemorar um reajuste com "ganho real de 1,19%" em relação ao INPC é uma afronta aos trabalhadores, pois sabemos que este índice não representa os custos reais para nossa categoria e sequer mostra a inflação real. 

Como sabemos, a atual diretoria prima pela desmobilização da categoria como forma de se manter no poder e é justamente isso que é feito por ela neste jornal. Ao invés de mostrar porque precisamos nos organizar e lutar, prefere maquiar a realidade dos jornalistas mineiros. 

Para piorar, o Sindicato sequer cita a luta dos jornalistas que trabalham em assessorias de imprensa e no interior. A maior parte de nossa categoria foi simplesmente descartada pelo sindicato. A falta de iniciativa do sindicato junto a esses trabalhadores vinha ocorrendo já nas últimas gestões deste mesmo grupo, mas nunca havia chegado a este ponto.

Entre as muitas propostas assombrosas apresentadas pelo sindicato, nós da Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas denunciamos como uma afronta a nossa categoria a proposta da diretoria de incorporar o abono salarial a nossa campanha. Essa medida é de muita utilidade para o patronato, que apresenta propostas mínimas de aumento junto com o abono. Esse é um falso beneficio, usado apenas para enganar os trabalhadores, abonos não são incorporados a base salarial, nem a previdência ou ao FGTS. Ao aceitar este falso reajuste a categoria estaria de fato abrindo mão de seus direitos e de ter benefícios reais. Para aqueles que já recebem o abono nossa luta deve ser de incorporar os valores pagos ao salário real.

A unificação da campanha salarial é uma bandeira de nossa categoria não para nos rebaixar a aquilo que há de pior, como deseja o sindicato, mas na luta por melhorias reais para os trabalhadores. Cabe a nós, trabalhadores da notícia, encampar uma campanha salarial digna e combativa.

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