O Diploma é dos jornalistas e não da sociedade

A diretoria do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais mais uma vez mostrou que a combatividade e o caráter classista que deveria ser a razão de ser da existência de uma entidade representante de uma categoria de trabalhadores passou longe do seu horizonte. Principalmente quando se refere a uma bandeira de luta tão significativa e tão concreta como a questão do diploma.

A defesa intransigente do diploma, como nós da Oposição Sindical propomos e explicitamos, é uma bandeira central para nossa categoria, principalmente por se colocar estrategicamente na conjuntura atual e no cerne do crescente desmantelamento da universidade e da precarização do trabalho de uma maneira geral e especificamente no caso do jornalismo. É uma bandeira que tem força suficiente para alinhar jornalistas e estudantes de jornalismo na mesma frente de batalha em defesa da profissão, o que certamente resultaria em ganhos materiais e políticos para nossa categoria. Ainda mais por estar ligada à pauta salarial e às condições de trabalho – que estão cada vez mais achatadas e opressoras e presenciamos isso cotidianamente.

Pois se não bastasse convidar a categoria para uma atividade ongueira e despolitizada de ir a praças e feiras buscar descompromissadas assinaturas de apoio, a diretoria do sindicato secundariza as redações e locais de trabalho, ao dirigir seus esforços e suas ações prioritariamente à sociedade. Ou seja, retiram mais uma vez o caráter de classe dos interesses concretos dos jornalistas – a regulamentação da sua profissão – para tratar da defesa do diploma como e com os cidadãos. Sejam eles quem for: patrão ou empregado, diluindo assim nossa categoria no meio do “povo”, sem fazer distinção entre os exploradores e explorados.

Desta forma, a força da bandeira de defesa do diploma se esfacela diante da imobilidade e da incapacidade de aglutinação que essa diretoria mais uma vez mostra para quem quiser ver. Não realizam uma manifestação capaz de confrontar interesses, não traçam palavras de ordem muito menos uma luta que caminhe até as últimas conseqüências para uma verdadeira mudança nessa história. E isso se repete pelos próprios atos dessa diretoria que nada mais faz com essa postura cidadã que afastar os companheiros trabalhadores do nosso sindicato.

Precisamos defender o diploma sim. Mas ou essa luta tem um caráter classista ou não passará de mais um ofício institucionalizado de uma corporação que se acomoda nos braços do academicismo, da ongo-cidadania e acaba por fazer, assim, o jogo do patrão. Temos de desenvolver, todo dia ser for necessário, convocando a categoria, apoiada pelos estudantes para as portas das redações e assessorias pressionar aqueles que irão com o fim do diploma, achatar nossos salários e nos ameaçar diariamente com a ameaça do desemprego.

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