Falta de quorum e debate marca X Congresso dos Jornalistas
Falta de Quorum expressa o afastamento do sindicato de toda a categoria
Um sindicato de trabalhadores se constrói com práticas proletárias. Os encaminhamentos, deliberações e acontecimentos do X Congresso Estadual dos Jornalistas, realizado em São João del-Rei, no início de agosto, nos coloca a urgência da retomada da fraternidade, igualdade, solidariedade e, principalmente, da intransigência. Isso mesmo, intransigência na defesa destes princípios necessários à construção de nossa identidade de classe, ou seja, a tomada de consciência de que somos trabalhadores e que como trabalhadores devemos nos posicionar na defesa de nossos interesses concretos e imediatos.
E o que vimos neste congresso, infelizmente, vai à contramão de toda e qualquer possibilidade de retomada do caráter classista de nosso sindicato. Em um congresso esvaziado, com 76 delegados aptos a votar, vimos mais do que o abandono das lutas históricas dos jornalistas. Presenciamos o desrespeito, autoritarismo e a todo o momento, tentativas de suprimir o debate político, num claro esforço de que o X Congresso não passasse de um mero passeio turístico necessário à convalidação de uma política que prioriza a realização da Conferência Nacional de Comunicação do governo Lula, em detrimento da organização de campanhas salariais mais sólidas, cujo resultado se traduza em aumento real e a conseqüente unificação e fortalecimento de nossa categoria nas suas lutas diárias, pavimentando o caminho que nos faz iguais e solidários às diversas categorias de trabalhadores.
Já no primeiro dia, com a aprovação do regimento interno do congresso, pudemos assistir às primeiras tentativas de impedir que as diferentes posições fossem confrontadas, impossibilitando assim a depuração das propostas que serão levadas aos jornalistas tanto em nível estadual quanto nacional. A prova disso é que após muito esforço, contra argumentos incoerentes como a necessidade de que fossem debatidas todas as teses já aprovadas em outros estados e que foram levadas ao 33º Congresso Nacional dos Jornalistas, foi aprovado o tempo de cinco minutos para a defesa das teses inscritas ao encontro de Minas Gerais. Como o congresso regional é também preparatório para o nacional, perdemos um tempo e oportunidade preciosa para debatermos e propormos soluções concretas para os problemas enfrentados cotidianamente por todos os jornalistas mineiros. As experiências e questões nacionais deveriam nos ser trazidas por aqueles que foram delegados a nos representar em São Paulo entre os dias 20 a 24 de agosto.
No segundo dia a diretoria continuou seus esforços para impedir o debate, sob a pífia alegação de que os delegados e observadores deveriam restringir suas intervenções a perguntas aos palestrantes, tentando retirar dos mesmos a possibilidade de quaisquer considerações sobre os temas abordados. Ora, como somos todos, de fato ou não, jornalistas não é necessário explicar aos companheiros o significado da palavra debate e sua importância. Pois foi a partir dos questionamentos sobre a presença do Governo do Estado na abertura do encontro e da parceria estampada nos banners fixados no plenário, mais uma vez ficou claro que não devemos esperar um combate declarado e aberto contra o patronato por parte da diretoria. Muito pelo contrário, presenciamos agressivas e calorosas declarações de que o apoio dos mesmos é necessário, pois o sindicato não teria condições de financiar sozinho seus eventos. Talvez tivesse se trocássemos o coquetel com suas bandejas de petiscos de gorgonzola, damasco e nozes, por uma confraternização mais modesta, mas capaz de reunir e fortalecer entre nós os laços de companheirismo. E mesmo que tais iguarias não representem as principais despesas dessas atividades, por princípio, temos de ter claro que sindicato não é empresa.
Como se já não tivéssemos visto de tudo, a plenária final nos reservou como surpresa o personagem Washigton Melo. Reafirmamos aqui que somos oposição à política conduzida pela diretoria em nosso sindicato, não a pessoas. Porém nos vemos obrigados a registrar o nome deste cidadão para não cometermos injustiças com os diretores que também compunham a mesa na plenária final, e porque temos como prática a crítica direta, franca e aberta, contrária aos comentários feitos à boca pequena que tem corrido redações e assessorias contra os companheiros da Oposição Sindical. Enfim, coube a este senhor lançar mão do desrespeito, grosseria e autoritarismo – inclusive a membros da diretoria –, a tarefa de sepultar de vez toda e qualquer possibilidade do debate indispensável para o avanço das lutas dos jornalistas. Propondo inclusive, sem abrir espaço para nenhuma contraposição, o voto de cabresto aos jornalistas eleitos para nos representar no congresso nacional em São Paulo. Proposta recusada por todos, que rechaçamos de maneira intransigente tanto na forma quanto no conteúdo, calcados na defesa dos princípios de autonomia e independência que se aplica antes de tudo aos nossos companheiros, da oposição ou não, e que defendemos como prática de um sindicato classista. E é justamente na luta pela construção sindicato fraterno, forte e representativo, que a Oposição Sindical reafirma aqui seu compromisso com as lutas concretas e diárias de nossa categoria.