Redações mineiras demitem 60 jornalistas no primeiro semestre
Somente no primeiro semestre deste ano, aproximadamente 60 jornalistas mineiros foram demitidos nas redações do O Tempo, Estado de Minas, Band Minas, Revista Encontro, Diário do Comércio e Veja BH (extinta). Sem dúvida esse número é bem maior se levarmos em conta as dispensas no interior do estado e em assessorias de comunicação.
Entretanto, devemos ter claro que as demissões em massa nas redações de todo o país expressam um quadro de precarização das relações de trabalho da categoria e o aprofundamento da exploração do trabalhador da notícia. Mais do que a demissão de companheiros, estamos vendo postos de trabalho sendo extintos e o “exército industrial de reserva” ser ampliado.
Não há aqui nenhuma imprecisão na aplicação desse conceito desenvolvido por Marx, uma vez que a consequência do excedente de força de trabalho disponível no mercado, como bem sabem os patrões, é uma forma de pressão sobre os trabalhadores exercida pela ameaça do desemprego, possibilitando o achatamento salarial e a retirada de direitos trabalhistas, como as promovidas pelo Governo Federal.
Por um lado, a crise do capital explica as investidas mais recentes contra a classe trabalhadora. Por outro, uma política sindical conivente mina a capacidade de resistência e reação dos trabalhadores. Hoje, temos claro, pelo menos no caso do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais que sequer podemos falar mais em omissão, já que todas as energias e ações do sindicato são direcionadas para uma política culturalista (shows, desfiles de moda, instalação de um bar na sede etc), a fim de dar ao sindicato uma aparente dinâmica e falsa ideia de mobilização da categoria.
Devemos nos perguntar: qual a proposta da diretoria para combater as demissões sumárias? O que foi feito até agora? Só há uma resposta: Nada foi feito e nada será feito, pois os interesses dos trabalhadores da notícia estão subjugados a uma política aparelhista, que retira do eixo das contradições os interesses antagônicos de trabalhadores e patrões.
Não podemos fazer de conta que tais contradições não existem e nem permitir que elas sejam ocultadas. Foi a partir de uma reflexão séria, profunda e consequente que a Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas cunhou a expressão “Trabalhadores da Notícia”. Trabalhadores é o que somos! E por isso seguimos firmes na luta pela retomada da estabilidade no emprego, pela valorização da categoria por meio da campanha salarial, e, principalmente, por uma representação sindical autônoma, independente e consciente.
Oposição Sindical dos Jornalistas de Minas – Belo Horizonte, 8 de junho de 2015