Mais do que legado da copa, truculência da PM contra manifestantes de BH é herança da ditadura
Não há dúvidas de que, historicamente, as polícias surgem fundamentalmente como instrumentos de repressão a serviço das classes dominantes. A obviedade dessa constatação não pode ocultar que, em determinados períodos da história, a burguesia precisa e está legitimada pelo aparato estatal (união, estado e município) para lançar mão abertamente da truculência policial como na noite desta quarta-feira (12), no cento de Belo Horizonte, quando centenas de pessoas manifestavam contra o aumento da passagem na capital mineira e foram agredidos pela Polícia Militar. A prisão de 60 manifestantes e as pessoas feridas, entre elas o repórter fotográfico Denilton Dias, do jornal O Tempo, nada mais são do que resultado de uma política de estado. Mostra disso é a aprovação, na mesma noite, na Câmara dos Deputados, com o apoio do governo, do projeto de lei que possibilita enquadrar manifestantes como terroristas. Não se trata de uma coincidência, mas de um estado de coisas tipificador da sociedade